dica pra você ler os links que divido aqui - e todos outros - no seu tempo: o pocket é uma extensão/app que você pode instalar no seu navegador e no seu celular, e salvar os links pra ler depois.
agora vamos aos conteúdos mais legais que consumi nos últimos 15 dias e alguns devaneios dessa confusinha que vos fala.
me mudei no início da pandemia e estou morando sozinha pela primeira vez na vida, no Centro de São Paulo. eu nasci e cresci em Osasco, e uma das primeiras lembranças que tenho daqui é de estar passando pelo Minhocão de carro com a minha mãe, voltando de uma consulta médica. eu me apaixonei por todos aqueles prédios colados um no outro, aquela bagunça perfeita e fiquei sonhando com o dia que seria uma mulher adulta, morando em algum daqueles apartamentos.
essa é uma daquelas memórias de infância que vêm acompanhadas do sentimento do momento. não consigo descrever exatamente, mas foi uma mistura de esperança com vontade de viver tudo e esse sentimento passou a me acompanhar todas as vezes que visitava o Centro.
mas nem tudo são flores por aqui, também é um lugar agressivo, com tudo em excesso: gente, barulho, sujeira. e pra além disso, a realidade da desigualdade é escancarada, tenho muitos vizinhos que têm a rua como suas casas. só na cidade de São Paulo são quase 25.000 pessoas em situação de rua. o SP Invisível é um movimento de humanização dos olhares da sociedade através das histórias dessas pessoas, que busca a conexão de quem pode ajudar com quem precisa de ajuda. você pode fazer doações mensais, pontuais ou ser um voluntário, mais informações aqui.
essa entrevista da Gama com a Carmen Silva, líder do Movimento dos Sem-Teto do Centro, em São Paulo, tá bem foda.
“Quando cheguei da Bahia, no começo dos anos 1990, me sentia uma refugiada em meu próprio país. Foi um choque cultural imenso. São Paulo me trouxe a visão de que eu estando aqui, eu estando em Salvador, a falta de política pública é a mesma. Só passei a me sentir em casa quando conheci a possibilidade de lutar por direitos.”
links brisantes ⦙
Kudzanai-Violet Hwami, Eve on Psilocybin (2018)
. eu amo tudo nessa obra, desde o nome - a tradução seria “Eva em Psilocibina”, que é o princípio ativo dos cogumelos alucinógenos - até a sensação de prazer lisérgico que Eva se encontra, numa mistura de surrealismo e realidade.
conheci o trabalho da Kudzanai-Violet Hwami nessa matéria do artsy, que também apresenta outros artistas, uma preciosidade só. ♡
. falando em prazer, uma curadoria de livros eróticos feita por Sofia Perseu.
“Mais do que um apanhado de dicas de leituras molhadas, esse texto é um convite.
A literatura, sobretudo a erótica, com suas imagens infinitas, é a invocação própria do exercício imaginativo do prazer, fruição em forma bruta. Se perca, passeie devagar os olhos por cada linha, experimente ler os textos em voz alta (a poesia pede).”
. a Sofia é idealizadora do Orelha, onde pesquisa e escreve sobre literatura e sua relação com a vida.
( via @annaluvasconcellos)
. eu tô apaixonada pelo feed da Anna Luiza Vasconcellos, que mora em Nova York e é designer de moda. nesse IGTV ela ensina como fazer um autorretrato abstrato, já quero fazer o meuuuuu.
. a Revista Bula avaliou as produções dos filmes originais da Netflix e as reuniu em uma lista, organizada do pior ao melhor filme. o ranking levou em conta as notas atribuídas aos títulos no IMDb.
. três dicas de séries protagonizadas por mulheres fodas que assisti e amei, onde além de interpretarem as personagens principais, elas são também as criadoras das séries:
Insecure (HBO Go), por Issa Rae.
Fleabag (Amazon Prime Video), por Phoebe Waller-Bridge.
e obviamente, I May Destroy You (HBO Go), por Michaela Coel.
. os 4 episódios do podcast AmarElo Prisma, onde Emicida e convidados buscam promover mudanças de comportamento que permitam um respeito à pluralidade do Brasil, através de 4 movimentos, um por episódio: Paz/Corpo, Clareza/Mente, Compaixão/Alma e Coragem/Coração.
. essa playlist com ‘As Melhores do Samba Rock’ foi dica da minha irmã Camila, eu acho a seleção perfeita pra domingos ensolarados.
tô aprendendo ⦙
. a Nataly Neri faz vídeos sobre vida consciente, beleza sustentável, veganismo e outros assuntos. escolhi esse aqui pra compartilhar, onde Nataly faz um resumo do artigo “Racismo e Sexismo no Brasil” escrito por Lélia Gonzalez em 1984, que fala sobre os impactos do Brasil colonial e da persistência da colonialidade nos dias de hoje e nos esteriótipos formados sobre a mulher negra. apenas assista.
pra quem quiser ler o artigo completo, é só clicar aqui.
. esse episódio do podcast 451 MHz, da revista Quatro cinco um, traz uma conversa em torno da figura da empregada doméstica, com duas autoras de obras sobre o assunto: a rapper e historiadora Preta-Rara, que trabalhou como empregada doméstica durante sete anos e em 2019 lançou o livro Eu, empregada doméstica - A senzala moderna é o quartinho da empregada e a cineasta Anna Muylaert, diretora do filme Que Horas Ela Volta?.
o tema é introduzido a partir da obra de Carolina de Jesus, que falamos no boletim passado, o livro Quarto de Despejo, que se tornou o principal testemunho sobre a experiência de trabalhar como empregada doméstica numa casa de classe média brasileira.
. artigo da mesma revista Quatro cinco um sobre os laços que unem Carolina de Jesus e Clarice Lispector. um trecho do texto:
Um esplêndido diálogo ocorrido entre Clarice e Carolina, que teria elogiado a escrita da primeira: “Como você escreve elegante”. Enquanto Clarice teria exclamado: “E como você escreve verdadeiro, Carolina!”.
Clarice era fã de Carolina, e escrever “verdadeiro” era uma aspiração sua. Por outro lado, escrever “elegante” era um ideal de Carolina, como atesta sua atração por um léxico erudito, forma de deixar mais “literária” sua escrita. Muito cedo, as duas intuíram as potencialidades da palavra e no mesmo ano, 1977, vieram a falecer. Entre as duas pontas da vida, seguiram por caminhos muito diferentes, mas traduziram o que é se ver às voltas com a falta, sob as formas da fome e a do vazio.
. entrevista com o filósofo, advogado tributarista e professor universitário Silvio Almeida, no El Pais. um trecho:
Um dos principais pensadores brasileiros da atualidade. Almeida estuda as relações raciais no Brasil e publicou, no ano passado, o livro Racismo estrutural. Em entrevista ao EL PAÍS, opina que o presidente Jair Bolsonaro é um “sintoma da derrota do Brasil”, um país que ficou “apático em torno de 100.000 mortes” pelo novo coronavírus porque “já se acostumou com a morte, principalmente de trabalhadores e de pessoas negras”.
se você ainda não assistiu a participação do Silvio Almeida no Roda Viva, a hora é agora.
um pocket show da Lauryn Hill para apresentar a coleção masculina Primavera-Verão 2021 da Louis Vuitton:
feliz e triste, como a vida ⦙
li um artigo com o título ‘As três equações para uma vida feliz, mesmo durante uma pandemia’ (em inglês), o texto faz parte de uma coluna quinzenal do cientista social e professor da Harvard Arthur C. Brooks, no The Atlantic, que busca “fornecer ferramentas para construir uma vida completa e significativa” ou, em resumo, “como ser feliz”. se quiser entender a tese completa, recomendo ler o texto.
Arthur diz que “a felicidade duradoura vem dos relacionamentos humanos, do trabalho produtivo e dos elementos transcendentais da vida”.
esse texto me lembrou uma imersão que participei ano passado, conduzida pelo Marcelo Schenberg, mestre em Filosofia, Cosmologia e Consciência, onde a idéia central era abrir espaço interno para experimentar a tristeza genuína, ser uma válvula aberta para permitir que todos sentimentos passem por nós.
pode parecer meio louco, uma vez que vivemos numa sociedade que idealiza a felicidade e nos faz pensar na tristeza como um problema. Marcelo diz que se não abrirmos espaço para sentir tristeza e frustração, acabamos reduzimos nossa capacidade de experienciar todos os outros sentimentos de forma mais profunda, inclusive a felicidade. não dá pra sentir muita alegria sem nunca ter sentido muita tristeza.
eu ando viciada no álbum Transa do Caetano e na música Nine Out Of Ten, ele diz que nove entre dez estrelas de cinema o fazem chorar, por isso, ele está vivo, ele sabe que um dia vai morrer, mas agora, se sente vivo.
quando ouço a música, eu também me sinto viva.
dizem que esse é um dos melhores álbuns do Caetano e foi produzido numa época em que ele estava triste, exilado em Londres, depois de ter sido preso durante a ditadura militar no Brasil.
“um coração partido carrega o mundo”
frase do Marcelo durante a imersão que comentei acima, que levo comigo desde então. ♡
finalizo essa edição com o clipe e a música “Entrepreneur” do Pharrell ft. JAY-Z, perfeitos.
se você tiver dicas de conteúdos com a cara do Confusa, me manda? vou adorar receber.
um beijo, nos vemos em duas semanas.